Combater a cólera na linha da frente nas províncias mais afectadas de Angola

Combater a cólera na linha da frente nas províncias mais afectadas de Angola

 

Luanda - "Pensei que não ia sobreviver", conta Abel Kanivete, natural da província angolana do Cuanza Sul, na costa ocidental do país. “Havia tantas pessoas no centro de tratamento da cólera. Temia que as enfermeiras não conseguissem tratar de todos, mas elas trataram e estou vivo graças a elas.” Kanivete é um dos mais de 18 000 angolanos afectados pelo actual surto de cólera, declarado no final de Janeiro de 2025.

Em coordenação com o Ministério da Saúde e parceiros, a Organização Mundial de Saúde (OMS) enviou uma equipa de resposta rápida para o Cuanza Sul entre 27 de Abril e 5 de Maio de 2025. A equipa prestou apoio técnico para ajudar a controlar o surto e apoiar as comunidades afectadas na província.

Durante este período, os especialistas em saúde pública da OMS formaram mais de 150 profissionais de saúde e funcionários locais de saúde de toda a província na gestão de casos de cólera. A OMS também prestou apoio técnico para a criação e o funcionamento dos centros de tratamento da doença.

"O nosso trabalho ajudou as autoridades sanitárias a detectar casos precocemente, a reforçar as capacidades locais e a envolver as comunidades na prevenção e na resposta", afirma a Dra. Kuku Muhao, oficial de emergência da OMS em Angola. “As autoridades locais ministraram formação ao pessoal sobre as infraestructuras básicas necessárias para prevenir novas infecções e erradicar o surto de cólera.”

A equipa de resposta rápida da OMS também apoiou os esforços de segurança da água e de saneamento. Foram efectuados testes de qualidade da água no rio Cambongo, a principal fonte de água da região. Os técnicos da Direcção Provincial de Águas receberam formação sobre a preparação de cloro e práticas seguras de enterro, de modo a quebrar a cadeia de transmissão e proteger as comunidades em risco.

Mais de 1470 pessoas na província, incluindo voluntários, líderes religiosos, membros da Cruz Vermelha e profissionais de saúde, receberam formação para identificar os sintomas da cólera e promover a sua prevenção, nomeadamente através da lavagem das mãos e da preparação de alimentos e água.

Além disso, 289 líderes locais, incluindo representantes administrativos, tradicionais, religiosos e políticos, participaram em actividades de sensibilização para reforçar a coordenação entre sectores. Foi lançada uma campanha comunitária intitulada “Uma latrina por família” para promover a construção e utilização de latrinas como medida essencial de saúde pública.

Apesar destes progressos, persistem desafios. Muitas comunidades ainda não têm acesso a água potável nem a saneamento adequado. Continua a ser difícil chegar a zonas remotas com serviços essenciais em algumas partes do Cuanza Sul e noutras províncias.

Desde a confirmação do surto, a cólera alastrou a 17 das 21 províncias do país. O surto já causou quase 600 mortes, com uma elevada taxa de letalidade de 3,2%, excedendo o limiar de 1% que indica a necessidade de tratamento precoce e adequado dos doentes de cólera.

“Os resultados da intervenção da OMS são visíveis e encorajadores. Registámos melhorias em termos de capacidade técnica, envolvimento da comunidade e coordenação institucional em todo o país. No entanto, é necessária uma acção contínua, coordenada e sustentável. É urgente reforçar a cooperação e o apoio internacional”, afirma o Dr. Indrajit Hazarika, Representante da OMS em Angola.

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